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Contraste

Na pele a marca de um pecado que não cometi. O estalo da surra no corpo não me deixa esquecer a cruz que carrego desde o primeiro respirar. Pintado em cada ruga, em cada célula o estigma. A negra tinta que me levou ao cárcere, à corrente de ferro, à jaula do preconceito.
Mas a tinta que rasga ao toque do chicote é a mesma que cobre o negro escudo. Tenho a pele grossa de cicatrizes. Antes o grito era de dor, animal ferido. Esse grito de agora é pela liberdade, sou homem, sou gente, sou livre.
por Elizabeth Catlett

O Poder dos Quietos - Susan Cain

Esse não é um livro que eu compraria, que despertaria minha curiosidade ao me olhar de uma prateleira. Dei uma fuçada nas internets e em alguns sites ele está na categoria Auto-ajuda ou mentalismo (Patrick Jane, vc já leu esse?). Confesso que tenho preconceito com livros de auto-ajuda baseado nos 3 capítulos lidos dum livro de Augusto Cury, então quando penso em auto-ajuda penso em clichês costurados uns nos outros até formar um livro. Posso estar equivocada, sendo injusta e mimimi, como disse não tenho grandes conhecimentos do gênero, mas é assim que penso. Por que então li esse livro?
Ganhei de presente de aniversário de uma amiga queridíssima, enbora esse não seja o único motivo, afinal aquele ali do Cury também foi um presente de alguém querido. Mas, o fato de falar sobre introvertidos mexeu na ferida, então decidi dar o benefício da dúvida. Adotei a estratégia do "vou lendo, se ficar insuportável é só parar". Fui lendo, lendo, lendo e li!
Não é um livro assim 'ó, nossa, não consigo parar', mas acho que a curiosidade de saber o que a autora iria falar e a simples vontade de terminar o livro foram me empurrando ao final. Achei que ela encaixou bem as pesquisas e dados que ela acumulou com histórias da vida real, não ficou algo chato e científico demais, a escrita dela é bem fluida, não achei difícil de ler. Me identifiquei com algumas coisas e certas falas me trouxeram alento, não sou uma freak, afinal de contas. Acho que isso também me fez simpatizar com Susan o que facilitou a leitura.
Então, não foi tempo disperdiçado, eu só teria um livro desses se fosse por presente mesmo, como aconteceu. Foi uma experiência interessante, mas agora vou voltar à programação normal de leitura.

Deu uma vontade "do nada".

Eu não sei explicar, vem de repente, sei lá eu por quê. Na música, por exemplo, coloco na cabeça que tenho que conhecer aquele tal de David Bowie e tantos outros que ouço on repeat e me apaixono pra sempre. Na literatura o mais marcante foi quando com uns 14 anos coloque na cabeça que tinha que ler Dostoiévski, nem lembro como tomei conhecimento da existência daquele russo, só me lembro da curiosidade e até de uma certeza de que seria importante conhecer sua obra. Só uns anos depois me aventurei, afinal, ele é russo, a leitura deve ser difícil, chata, certo? Errado, pelo menos para mim, sou fangirl do Dosta.
Ano passado encuquei com HQ's, já havia lido Watchmen, mas precisava de mais. Devorei Sandman e tantas outras. Entre elas, a já mencionada (e amada) Sweet Tooth, Y - o último homem, Daytripper, V de Vigança, etcétera.

Em novembro último, olhando sites de livrarias me deparei com a edição comemorativa dos 75 anos de "Angústia", de Graciliano Ramos. Me veio novamente esse impulso, preciso ler Graciliano. Parece algo fatal, quando tenho esses idéiazinhas, é ler ou ler. Algumas semanas atrás, perambulando numa livraria com o objetivo de gastar lá todos os meu centavos, me deparo com Angústia, é o destino! Comprei e hoje começo a ler com vontade já de possuir Memórias do Cárcere e Insônia e Garranchos e... complusiva por livros mode on