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Nova num novo ano.


Obrigada pela alegria que retorna. Pela alegria que reencontro em mim. Pela alegria que me permito sentir novamente. Obrigada por poder respirar aliviada ao ver que momentos ruins passaram e eu os superei e por perceber que outros virão sem sentir a derrota me apanhando pelos calcanhares. Tenho coragem, não abaixo a cabeça.
Sim, por vezes ondas de pessimismo me agarram e me pregam ao chão. Claro, não sou heroína, tão pouco inabalável. Porém, sempre há, mesmo que escondido, aquele brilho que sussurra que algo melhor irá vir. Sou crédula do bem e quando olho para o céu a paz me levanta. A natureza me traz algo de bom, tranquilidade.
Por cacos de vidro, sedas, brasas e folhas vou marchando. Ferindo-me, sendo curada. Indo, um dia eu encontro.

Frescor


De fundo um cenário alaranjado intenso, fumaças e fogos e apocalipse. Eu andando, simplesmente andando, sem expressão, sem desejos. Há alguns passos atrás te vi como um espectador não sei se do apocalipse que passava ou de mim que também passava.
Parei, uma quadro se formava. Eu, estática na frente, ao fundo o laranja e preto. E você, o único que se movia. Chegou perto e, lábios frescos como frutos recém colhidos, beijou-me no rosto. "Boa sorte", você disse e tudo se apagou.

Foi apenas um sonho.

Castro Alves, o "poeta dos escravos".


Há muito tempo que ouvia falar de Castro Alves, mas nunca li sobre sua história ou prestei muita atenção em sua obra apesar de saber sobre seu interesse na abolição da escravatura, evidente em parte de seus escritos. De uns anos para cá vi pelas internets algo sobre o Dia Nacional da Poesia, dia 14 de março, fui ler mais a respeito o porquê de escolherem essa data e descobri que é o dia do nascimento do "poeta dos escravos"

Antônio Frederico de Castro Alves nascia em 14 de março de 1847 e não vou aqui escrever sua biografia, pois o google está pipocando de sites sobre a vida do poeta. Quando comecei a ler mais sobre a história dele e algumas poesias avulsas, fui me apaixonando. 
Castro Alves morreu com 24 anos. VINTE E QUATRO ANOS! E olha só tudo o que ele escreveu em 7 anos:
Mas, no dia 9 de novembro de 1864, ao toque da meia-noite, na sotéia em que morava, o poeta, que sem dúvida se balançava na rede, fumando muito, sentiu doer-lhe o peito, e um pressentimento sinistro passou-lhe na alma. Pela primeira vez ia beber inspiração nas fontes da grande poesia: essa a importância do poema "Mocidade e Morte" na obra de Castro Alves(...) Não era mais o menino que brincava de poesia, era já o poeta-condor, que iniciava os seus vôos nos céus da verdadeira poesia. 
Estou lendo "Espumas Flutuantes" e as poesias contem referência a personagens e acontecimentos de várias épocas da história mundial, da mitologia, palavras rebuscadas. 
Não vou falar sobre a estrutura e qualidade das poesias em si pois não sou expert do assunto. Mas como alguém que gosta de gênero devo dizer que muitas vezes fico embasbacada com as pérolas que leio e aí penso que ele, mais novo que eu, escreveu tudo isso denotando amplo conhecimento, grande cultura e paixão. 


Alguns trechos:
Mas ai! Que a treva interna — a dúvida constante —
Deixaste assoberbar-me em funda escuridão! ...
E uma Voz respondeu nas sombras triunfante:
"Acende, ó Viajor! a Fé no coração!..." (Pelas Sombras)

Do céu azul na profundeza escura
Brilhava a estrela, como um fruto louro,
E qual a foice, que no chão fulgura,
Mostrava a lua o semicirc'lo d'ouro,
Do céu azul na profundeza escura. (Murmúrios da Tarde)

Morrer... quando este mundo é um paraíso,
E a alma um cisne de douradas plumas:
Não! o seio da amante é um lago virgem...
Quero boiar à tona das espumas.
Vem! formosa mulher — camélia pálida,
Que banharam de pranto as alvoradas.
Minh'alma é a borboleta, que espaneja
O pó das asas lúcidas, douradas...
E a mesma voz repete-me terrível,
Com gargalhar sarcástico: — impossível!
Eu sinto em mim o borbulhar do gênio.
Vejo além um futuro radiante:
Avante! — brada-me o talento n'alma (Mocidade e Morte)

Leituras de 2012

O ano ainda não acabou e, embora falte pouco para isso e espero terminar de ler mais dois livros em 2012, já começo a fazer uma retrospectiva literária. Eu sou dessas que compra livros mais rápido do que é capaz de lê-los. No começo do ano decidi fazer a fila andar e diminuir o consumismo. Usei a ferramenta meta de leitura do Skoob, registrei lá muito dos livros acumulados e me propus a ler, senão todos, a maioria, pelo menos. A lista totalizou 47 livros, li 41 até agora e mais outros fora dessa lista (HQ's principalmente). Estou bem satisfeita com o andamento das coisas, sei que não vou ler 100%, de qualquer forma, oitenta e sete por cento é um rendimento satisfatório.
 Vou falar um pouquinho dos que são destaque para mim.
O Duplo, de Dostoiévski. Se eu fico muito tempo sem ler algo desse russo, bate a saudade, a vida não parece a mesma. O Idiota também está na meta, mas não vai dar tempo. Pelo menos tenho mais um do Dosta garantido pra 2013. Esse é o segundo livro publicado dele, porém a tradução feito direta do russo foi lançada apenas esse ano pela editora 34, aquela linda!
Filhos do Éden vol. 1, Eduardo Spohr. Adoro livro de fantasia, li A Batalha do Apocalipse dele ano passado e adorei. Com esse que é o primeiro volume de uma trilogia não foi diferente. Espero ansiosamente pelo segundo que virá depois do carnaval.
Memórias Póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis. Aprendi uma coisa com as aulas e provas de livro durante o ensino médio: clássicos da literatura brasileira são chatíssimos. Claro, uma noção errônea que adquiri pela obrigatoriedade de engolir certos livros para tirar nota boa. Então sempre deixei os autores clássicos de lado (li mais de lit. russa do que brasileira). Daí esse ano aproveitei a coleção Clássicos da Abril e comprei um Machadão e poxa, gostei bastante. Depois li O Alienista e me sinto mais propensa a dar uma chance aos autores daqui.
E o morango do bolo (não gosto de cerejas): Um negócio Fracassado e outros contos de humor de Antón Tchekhov. Já havi lido um outro livro de contos do Tchekhov e gostei bastante. Simplesmente não conseguia desgrudar de Um Negócio Fracassado... me peguei rindo muitas vezes das ironias e sátiras desse excelente contista, deixou gostinho de quero mais.
Foi um ano em que li muitas HQ's, comecei a ler Sandman e só parei depois que terminei todos os arcos, ainda não li os spin offs. Gostei muito de Sweet Tooth (ainda falta um issue pra acabar a série). Recomendo também Daytripper de uma dupla de brasileiros, história tocante e desenhos lindos. Bom, as highlights literárias são essas.